Produção de abacaxi e visões de regeneração: contrastando paradigmas (agro)culturais na Costa Rica
DOI:
https://doi.org/10.47633/2jxkvr72Palavras-chave:
Abacaxi, Agricultura Regenerativa, Costa Rica, Paradigma, Regeneração, SustentabilidadeResumo
Em um momento em que os desenvolvimentos agrícolas têm levado à transgressão de múltiplos limites planetários — como as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade —, transformações profundas no setor agrícola são urgentemente necessárias. Ao mesmo tempo, esses mesmos desenvolvimentos colocaram em risco os meios de subsistência de muitos agricultores em todo o mundo. No contexto da Costa Rica, o “Desarrollo Sostenible a la Tica” remete aos setores “verdes” pelos quais o país é amplamente conhecido, mas esse paradigma também gerou uma ruptura marcante entre a imagem verde transmitida (“excepcionalismo verde”) e os modos de vida socioecológicos reais de muitas comunidades rurais e o estado das paisagens. No entanto, esse não é o único paradigma de desenvolvimento sustentável presente no país. O Desenvolvimento Regenerativo, um termo usado principalmente no contexto da Agricultura Regenerativa, oferece uma visão alternativa para os futuros da Costa Rica, abrangendo tanto a produção agrícola quanto a cultura de modo geral.
A partir das histórias compartilhadas por um grupo diverso de costarriquenhos entrevistados sobre sistemas alimentares sustentáveis e Desenvolvimento Regenerativo, traçamos um retrato multifacetado da regeneração que inclui práticas agrícolas, bem como dimensões socioculturais e relacionais. Reconhecendo o poder dos paradigmas como estruturas importantes para as crenças e decisões das pessoas em tempos de grande incerteza, comparamos o paradigma do “Desarrollo Regenerativo” com o do “Desarrollo Sostenible a la Tica”. Ao colocar esses dois paradigmas em diálogo, delineamos suas semelhanças e diferenças para, por fim, discutir possíveis caminhos a seguir: há espaço para uma (re)conciliação e construção de pontes entre perspectivas, ou as discrepâncias entre eles são grandes demais, apontando para um abismo intransponível e a necessidade de repensar fundamentalmente a narrativa de desenvolvimento sustentável atualmente promovida pelo “Desarrollo Sostenible a la Tica”? E quais seriam as implicações potenciais para uma produção sustentável de abacaxi?
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